Dia da Consciência Negra: um novo feriado para celebrar a luta e a cultura Afro-Brasileira

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, vai muito além de um marco no calendário. É uma data que carrega a força de séculos de luta contra a opressão, mas também de celebração das contribuições culturais, sociais e espirituais da população negra ao Brasil. Neste contexto, as religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, ocupam um lugar central como símbolos de resistência e manutenção da identidade afrodescendente.

O dia é dedicado à memória de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e ícone da resistência à escravidão. Mas a data também convida à reflexão sobre as raízes africanas que moldaram o Brasil, especialmente na espiritualidade. As religiões afro-brasileiras são herdeiras diretas das tradições trazidas por milhões de africanos escravizados, que, mesmo sob violência extrema, mantiveram vivas suas crenças, rituais e deidades.

No Candomblé, por exemplo, os orixás são reverenciados como manifestações divinas ligadas aos elementos da natureza. Cada orixá carrega histórias e atributos que dialogam com a vida humana e o mundo natural, promovendo uma relação harmoniosa entre o sagrado e o cotidiano. A Umbanda, por sua vez, é um sincretismo entre elementos africanos, indígenas e cristãos, representando a capacidade de adaptação e recriação cultural do povo negro diante das adversidades.

Para praticantes e lideranças dessas religiões, o Dia da Consciência Negra é também um momento de denunciar o racismo religioso. Intolerância contra terreiros e praticantes é uma realidade persistente no Brasil, frequentemente enraizada no preconceito contra tudo que é associado à cultura negra. “Quando atacam nossos terreiros, estão atacando nossas memórias e nossas raízes. É um ato de apagamento”, afirma Mãe Jurema, yalorixá de um terreiro no Rio de Janeiro.

As celebrações do 20 de novembro incluem, muitas vezes, rituais e oferendas em honra aos ancestrais, reforçando a ligação entre a luta por igualdade e o respeito às tradições espirituais. Para muitas comunidades, a espiritualidade não é apenas uma prática religiosa, mas um ato político e cultural que reafirma o direito de existir e resistir.

O Dia da Consciência Negra nos convida a refletir sobre a importância de valorizar e proteger as tradições de matriz africana. É um chamado para reconhecer que a luta por igualdade racial também passa pelo respeito às expressões culturais e espirituais que moldaram a identidade do Brasil. Afinal, celebrar Zumbi dos Palmares é também celebrar os orixás, os caboclos, e a força dos ancestrais que nos ensinam a resistir e a acreditar em um futuro mais justo.

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